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29 de dez. de 2011

Cartazes de guerra

No Exército... apoiando o Exército


Preciso de tua habilidade, numa guerra!


Unidos


Avante camaradas!


Quando você dirige sozinho você leva Hitler
Entre para um grupo de carona hoje!


Comida é uma arma
Não desperdice!
Compre sensatamente - cozinhe cuidadosamente - coma tudo
Siga o Programa Nacional de Nutrição de Tempo de Guerra


Deixe os trilhos livres para os carregamentos de guerra
Compre carvão agora!


Tua sucata
...fez ele cair
Junte sucata
Borracha - metal - tecidos


Nossa negligência - a arma secreta deles
Previna incêndios florestais


Poderia ser você!
Cuidar de desabrigados é um serviço patriótico


Não deixe a sombra tocá-los
Compre Bônus de Guerra


Subscreva Bônus de Armamento


"Fazendo tudo que pode, irmão?"
Compre Bônus de Guerra


Mulheres na Guerra
Não podemos vencer sem elas

É azul

1492 - Vangelis

The Conquest of Paradise

In noreni per ipe,
in noreni cora;
tira mine per ito,
ne domina.

In noreni per ipe,
in noreni cora;
tira mine per ito,
ne domina.

In noreni per ipe,
in noreni cora;
tira mine per ito,
ne domina.

In romine tirmeno,
ne romine to fa,
imaginas per meno per imentira


Monastery of La Rabida

27 de dez. de 2011

Querem impor a mordaça

por Marco Antonio Villa

Não é novidade a forma de agir dos donos do poder. Nas três últimas eleições presidenciais, o PT e seus comparsas produziram dossiês, violaram sigilos fiscais e bancários, espalharam boatos, caluniaram seus opositores, montaram farsas. Não tiveram receio de transgredir a Constituição e todo aparato legal. Para ganhar, praticaram a estratégia do vale-tudo. Transformaram seus militantes, incrustados na máquina do Estado, em informantes, em difamadores dos cidadãos. A máquina petista virou uma Stasi tropical, tão truculenta como aquela que oprimiu os alemães-orientais durante 40 anos.

A truculência é uma forma fascista de evitar o confronto de ideias. Para os fascistas, o debate é nocivo à sua forma de domínio, de controle absoluto da sociedade, pois pressupõe a existência do opositor. Para o PT, que segue esta linha, a política não é o espaço da cidadania. Na verdade, os petistas odeiam a política. Fizeram nos últimos anos um trabalho de despolitizar os confrontos ideológicos e infantilizaram as divergências (basta recordar a denominação "mãe do PAC").

A pluralidade ideológica e a alternância do poder foram somente suportadas. Na verdade, os petistas odeiam ter de conviver com a democracia. No passado adjetivavam o regime como "burguês"; hoje, como detém o poder, demonizam todos aqueles que se colocam contra o seu projeto autoritário. Enxergam na Venezuela, no Equador e, mais recentemente, na Argentina exemplos para serem seguidos. Querem, como nestes três países, amordaçar os meios de comunicação e impor a ferro e fogo seu domínio sobre a sociedade. Mesmo com todo o poder de Estado, nunca conseguiram vencer, no primeiro turno, uma eleição presidencial. Encontraram resistência por parte de milhões de eleitores. Mas não desistiram de seus propósitos. Querem controlar a imprensa de qualquer forma. Para isso contam com o poder financeiro do governo e de seus asseclas. Compram consciências sem nenhum recato. E não faltam vendedores sequiosos para mamar nas tetas do Estado.

O panfleto de Amaury Ribeiro Junior ("A privataria tucana") é apenas um produto da máquina petista de triturar reputações. Foi produzido nos esgotos do Palácio do Planalto. E foi publicado, neste momento, justamente com a intenção de desviar a atenção nacional dos sucessivos escândalos de corrupção do governo federal. A marca oficialista é tão evidente que, na quarta capa, o editor usa a expressão "malfeito", popularizada recentemente pela presidente Dilma Rousseff quando defendeu seus ministros corruptos.

Sob o pretexto de criticar as privatizações, focou exclusivamente o seu panfleto em José Serra. O autor chegou a pagar a um despachante para violar os sigilos fiscais de vários cidadãos, tudo isso sob a proteção de uma funcionária (petista, claro) da agência da Receita Federal, em Mauá, região metropolitana de São Paulo. Ribeiro - que está sendo processado - não tem vergonha de confessar o crime. Disse que não sabia como o despachante obtinha as informações sigilosas. Usou 130 páginas para transcrever documentos sem nenhuma relação com o texto, como uma tentativa de apresentar seriedade, pesquisa, na elaboração das calúnias. Na verdade, não tinha como ocupar as páginas do panfleto com outras reportagens requentadas (a maioria publicada na revista "IstoÉ").

Demonstrando absoluto desconhecimento do processo das privatizações, o autor construiu um texto desconexo. Começa contando que sofreu um atentado quando investigava o tráfico de drogas em uma cidade-satélite do Distrito Federal. Depois apresenta uma enorme barafunda de nomes e informações. Fala até de um diamante cor-de-rosa que teria saído clandestinamente do país. Passa por Fernandinho Beira-Mar, o juiz Nicolau e por Ricardo Teixeira. Chega até a desenvolver uma tese que as lan houses, na periferia, facilitam a ação dos traficantes. Termina o longo arrazoado dizendo que foi obrigado a fugir de Brasília (sem explicar algum motivo razoável).

O panfleto não tem o mínimo sentido. Poderia servir - pela prática petista - como um dossiê, destes que o partido usa habitualmente para coagir e tentar desmoralizar seus adversários nas eleições (vale recordar que Ribeiro trabalhou na campanha presidencial de Dilma). O autor faz afirmações megalomaníacas, sem nenhuma comprovação. A edição foi tão malfeita que não tomaram nem o cuidado de atualizar as reportagens requentadas, como na página 170, quando é dito que "o primo do hoje candidato tucano à Presidência da República..." A eleição foi em 2010 e o livro foi publicado em novembro de 2011 (e, segundo o autor, concluído em junho deste ano).

O panfleto deveria ser ignorado. Porém, o Ministério da Verdade petista, digno de George Orwell, construiu um verdadeiro rolo compressor. Criou a farsa do livro invisível, isto quando recebeu ampla cobertura televisiva da rede onde o jornalista dá expediente. Junto às centenas de vozes de aluguel, Ribeiro quis transformar o texto difamatório em denúncia. Fracassou. O panfleto não para em pé e logo cairá no esquecimento. Mas deixa uma lição: o PT não vai deixar o poder tão facilmente, como alguns ingênuos imaginam. Usará de todos os instrumentos de intimidação contra seus adversários, mesmo aqueles que hoje silenciam, acreditando que estão "pela covardia" protegidos da fúria fascista. O PT não terá dúvida em rasgar a Constituição, se for necessário ao seu plano de perpetuação no poder. O panfleto é somente uma pequena peça da estrutura fascista do petismo.

Artigo de Marco Antonio Villa, publicado hoje em O Globo.

26 de dez. de 2011

O Supremo fica bem mais sensato com uma faca imaginária no pescoço

por Augusto Nunes

Às nove e meia da noite de 28 de agosto de 2007, o ministro Ricardo Lewandowski chegou ao restaurante em Brasília ansioso por comentar com alguém de confiança a sessão do Supremo Tribunal Federal que tratara da denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre o escândalo do mensalão.

Direto ao Ponto

Por ampla maioria, os juízes endossaram o parecer do relator Joaquim Barbosa e decidiram processar os 40 acusados de envolvimento na trama.

Sem paciência para esperar o jantar, Lewandowski deixou a acompanhante na mesa, foi para o jardim na parte externa, sacou o celular do bolso do terno e, sem perceber que havia uma repórter da Folha por perto, ligou para um certo Marcelo.

Como não parou de caminhar enquanto falava, a jornalista não ouviu tudo o que disse durante a conversa de 10 minutos.

Mas qualquer das frases que anotou valia manchete.

“A tendência era amaciar para o Dirceu”, revelou de saída o ministro, que atribuiu o recuo dos colegas a pressões geradas pelo noticiário jornalístico.

“A imprensa acuou o Supremo”, queixou-se.

Mais algumas considerações e o melhor momento do palavrório: “Todo mundo votou com a faca no pescoço”.

Todo mundo menos ele: o risco de afrontar a opinião pública não lhe reduziu a disposição de amaciar para José Dirceu, acusado de “chefe da organização criminosa”.

Só Lewandowski ─ contrariando o parecer de Joaquim Barbosa, a denúncia do procurador-geral e a catarata de evidências ─ discordou do enquadramento do ex-chefe da Casa Civil por formação de quadrilha.

“Não ficou suficientemente comprovada a acusação”, alegou.

O mesmo pretexto animou-o a tentar resgatar também José Genoíno.

Ninguém divergiu tantas vezes do voto de Joaquim Barbosa: 12.

Foi até pouco, gabou-se na conversa com Marcelo: “Tenha certeza disso. Eu estava tinindo nos cascos”.

Ele está tinindo nos cascos desde 16 de março de 2006, quando chegou ao STF 26 dias antes da denúncia do procurador-geral.

Primeiro ministro nomeado por Lula depois do mensalão, Lewandowski ainda não aprendera a ajeitar a toga nos ombros sem a ajuda das mãos quando virou doutor no assunto.

Para tornar-se candidato a uma toga, bastou-lhe a influência da madrinha Marisa Letícia, que transmitiu ao marido os elogios que a mãe do promissor advogado vivia fazendo ao filho quando eram vizinhas em São Bernardo.

Mas só conseguiu a vaga graças às opiniões sobre o mensalão, emitidas em encontros reservados com emissários do Planalto.

Ele sempre soube que Lula não queria indicar um grande jurista.

Queria um parceiro de confiança, que o ajudasse a manter em liberdade os bandidos de estimação.

Passados mais de quatro anos, Lewandowski é o líder da bancada governista no STF ─ e continua tinindo nos cascos, comprovou a recente entrevista publicada pela Folha.

Designado revisor do voto do relator Joaquim Barbosa, aproveitou a amável troca de ideias para comunicar à nação que os mensaleiros não seriam julgados antes de 2013. “Terei que fazer um voto paralelo”, explicou com o ar blasé de quem chupa um Chicabon. “São mais de 130 volumes. São mais de 600 páginas de depoimentos. Tenho que ler volume por volume, porque não posso condenar um cidadão sem ler as provas. Quando eu receber o processo eu vou começar do zero”.

Como o relatório de Joaquim Barbosa deveria ficar pronto em março ou abril, como precisaria de seis meses para cumprir a missão, só poderia cloncluir seu voto no fim de 2012.

O atraso beneficiaria muitos réus com a prescrição dos crimes, concedeu, mas o que se há de fazer?

As leis brasileiras são assim.

E assim deve agir um magistrado judicioso.

A conversa fiada foi bruscamente interrompida por Joaquim Barbosa, que estragou o Natal de Lewandowski e piorou o Ano Novo dos mensaleiros com o presente indesejado.

Nesta segunda-feira, o ministro entregou ao revisor sem pressa o relatório, concluído no fim de semana, todas as páginas do processo e um lembrete desmoralizante: “Os autos do processo, há mais de quatro anos, estão digitalizados e disponíveis eletronicamente na base de dados do Supremo Tribunal Federal”, lembrou Barboza.

Lewandowski, portanto, só vai começar do zero porque quis.

De todo modo, o que disse à Folha o obriga a terminar a tarefa no primeiro semestre.

Se puder, vai demorar seis meses para formalizar o que já está resolvido há seis anos: vai absolver os chefes da quadrilha por falta de provas.

As sucessivas manobras engendradas para adiar o julgamento confirmam que os pecadores não estão convencidos de que a bancada governista no STF é majoritária.

Ficarão menos intranquilos se Cezar Peluso e Ayres Brito, que se aproximam da aposentadoria compulsória, forem substituídos por gente capaz de acreditar que o mensalão não existiu.

Para impedir que o STF faça a opção pelo suicídio moral, o Brasil decente deve aprender a lição contida na conversa telefônica de 2007.

Já que ficam mais sensatos com a faca no pescoço, os ministros do Supremo devem voltar a sentir a carótida afagada pelo fio da lâmina imaginária.

24 de dez. de 2011

Design

Mesa em alumínio com revestimento cerâmico















Sofás



















Banheiros




































Uma casa apenas encostada na paisagem













...já copiaram a minha escada...














Não sei o que o designer pretendia fazer

A síntese do ano, por Dora Kramer

“Pode-se dizer qualquer coisa a respeito do ano de 2011, menos que tenha sido igual a tantos outros: começou com a posse da primeira mulher presidente do Brasil, transcorreu sob a égide de escândalos de corrupção no Executivo e termina com o Judiciário em chamas.”

13 de dez. de 2011

Gota d'água


Juiz Federal Odilon de Oliveira recebe Prêmio UNODC contra a Corrupção 2011

No Dia Internacional contra a Corrupção o Juiz Federal Odilon de Oliveira recebeu o "Prêmio do UNODC" pelo seu trabalho na luta contra a corrupção e o crime organizado.
Ao entregar o prêmio, o representante do UNODC para o Brasil e o Cone Sul, Bo Mathiasen, ressaltou o comprometimento de Oliveira no combate à corrupção e ao crime organizado e disse que este ano o Prêmio UNODC foi dedicado a Oliveira em nome de todos aqueles profissionais do Direito que abrem mão da própria liberdade em nome de um mundo melhor.
"Ironicamente, ao pedir ou decretar a prisão de criminosos para garantir a nossa segurança, esse profissionais passam a sofrer ameaças de morte e, diante do perigo e riscos que correm, precisam de segurança policial 24 horas por dia. A coragem desses cidadãos como de tantos outros que se comprometem no enfrentamento diário da corrupção e do crime organizado devem servir de exemplo", afirmou Mathiassen e acrescentou: "Se cada um de nós perceber a importância de Fazer a sua Parte, de denunciar, de dizer NÃO aos menores atos de corrupção, seremos capazes de mudar a sociedade e de construir uma cultura de ética, integridade e transparência, livre da corrupção".
Bo Mathiasen disse ainda que os países devem fazer mais para garantir proteção aos seus profissionais e servidores. "É preciso garantir proteção aos profissionais e servidores públicos como policiais, agentes de fronteira, juízes e procuradores. Estes, muitas vezes, são os profissionais mais expostos às ameaças do crime organizado, como a coerção, a intimidação e a oferta de propinas para "dar aquele jeitinho".
O prêmio foi entregue durante evento da Controladoria-Geral da União em comemoração ao Dia Internacional contra a Corrupção. Saiba mais sobre o evento da CGU.

Juiz Federal Odilon de Oliveira

Nascido em 26 de fevereiro de 1949, na Serra do Araripe, em Pernambuco, foi Procurador Autárquico Federal, Promotor de Justiça e Juiz de Direito. Juiz Federal desde 1987, Odilon de Oliveira sempre trabalhou na região de fronteira como magistrado federal, na área criminal.
Conhecido por atuar no combate ao crime organizado na região de fronteira com o Paraguai, na cidade de Ponta Porá, Mato Grosso do Sul, o juiz federal Odilon de Oliveira foi responsável pela prisão de mais de cem líderes do tráfico de drogas no país.
Como conseqüência de sua luta contra o crime organizado, foi diversas vezes ameaçado de morte. As ameaças o levaram a viver sob escolta policial, afastou-se da família e chegou a praticamente perder a liberdade de ir e vir.
Em 2004/2005, atuando na fronteira com o Paraguai, o juiz residiu durante dez meses em hotel de trânsito do Exército, com escolta. Depois, por três meses, residiu no Fórum da Justiça Federal de Ponta Porã-MS, com uma escolta permanente de 06 a 08 agentes federais. Hoje, mora em Campo Grande, ainda com escolta.
Atualmente é titular da única vara especializada no processamento de crimes financeiros e de lavagem de dinheiro de Mato Grosso do Sul.

Prêmio do UNODC

Desde 2008, o UNODC premia indivíduos, instituições e iniciativas que tenham contribuído significativamente no combate e na prevenção à corrupção. A premiação reforça a ideia de que a mobilização contra a corrupção deve vir de todos os setores da sociedade, desde a alta administração federal até o cidadão comum. Confira as premiações anteriores.

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Em tempo: o Juiz Odilon mantém um blog.

11 de dez. de 2011

Como será o futuro?


O Verticale Bosco é um projeto habitacional que está sendo construído em Milão, Itália, desenhado por Stefano Boeri.



O legado do Skylab

A fábula do álcool

Era uma vez, um país que disse ter conquistado a independência energética com o uso do álcool feito a partir da cana-de-açúcar. Seu presidente falou ao mundo todo sobre a sua conquista e foi muito aplaudido por todos.

Na época, este país lendário começou a exportar álcool até para outros países mais desenvolvidos.

Alguns anos se passaram e este mesmo país assombrou novamente o mundo quando anunciou que tinha tanto petróleo que seria um dos maiores produtores do mundo e seu futuro como exportador estava garantido.

A cada discurso de seu presidente, os aplausos eram tantos que confundiram a capacidade de pensar de seu povo.

O tempo foi passando e o mundo colocou algumas barreiras para evitar que o grande produtor invadisse seu mercado. Ao mesmo tempo adotaram uma política de comprar as usinas do lendário país, para serem os donos do negócio.

Em 2011, o fabuloso país grande produtor de combustíveis, apesar dos alardes publicitários e dos discursos inflamados de seus governantes, começou a importar álcool e gasolina.

Primeiro começou com o álcool, e já importou mais de 400 milhões de litros e deve trazer de fora neste ano um recorde de 1,5 bilhão de litros, segundo o presidente de sua maior empresa do setor, chamada Petrobrás Biocombustíveis.

Como o álcool do exterior é inferior, um órgão chamado ANP (Agência Nacional do Petróleo) mudou a especificação do álcool, aumentando de 0,4% para 1,0% a quantidade da água, para permitir a importação. Ao mesmo tempo, este país exporta o álcool de boa qualidade a um preço mais baixo, para honrar contratos firmados.

Como o álcool começou a ser matéria rara, foi mudada a quantidade de álcool adi-cionada à gasolina, de 25% para 20%, o que fez com que a grande empresa produtora de gasolina deste país precisasse importar gasolina, para não faltar no mercado interno.

Da mesma forma, ela exporta gasolina mais barata e compra mais cara, por força de contratos.

A fábula conta ainda que grandes empresas estrangeiras, como a BP (BritishPetroleum), compraram no último ano várias grandes usinas produtoras de álcool neste país imaginário, como a Companhia Nacional de Álcool e Açúcar,e já são donas de 25% do setor.

A verdade é que hoje este país exótico exporta o álcool e a gasolina a preços baixos, importa a preços altos um produto inferior, e seu povo paga por estes produtos um dos mais altos preços do mundo.

Infelizmente esta fábula é real e o país onde estas coisas irreais acontecem chama-se Brasil.

8 de dez. de 2011

O padrão chinês e a cegueira ocidental

por Fernão Lara Mesquita

Resumo dois casos publicados na imprensa brasileira e norte-americana esta semana:

1

Diante do crescimento de 60% nas importações de tecidos e confecções chinesas somente no ano que passou, a Associação Brasileira da Industria Têxtil, junto com entidades similares dos Estados Unidos e do México, encomendou pesquisa sobre os subsídios do governo chinês a esse setor.

Encontraram 27 formas diferentes de subsídio que vão de reduções de impostos a empréstimos a fundo perdido de bancos do governo. Esses planos de subsídios que antes eram quinquenais agora duram 12 anos.

O Departamento de Defesa Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior tem 30 analistas para avaliar pedidos de investigação antidumping de todo o país. O equivalente norte-americano tem mais de 3 mil.

Resultado: o Brasil que em 2005 era exportador nesse setor com superávit de US$ 703 milhões, passou a ser importador com déficit, apenas até outubro deste ano, de US$ 4 bilhões. Em consequência, a produção caiu 16%, o parque industrial está cheio de ociosidade e os investimentos do setor que, em 2010, foram de US$ 2 bilhões, sendo 40% em São Paulo, este ano estão estagnados.

2

A Cathay Industrial Biotech é uma companhia privada chinesa fundada em 1997 por Liu Xiucai, 54, um dos jovens estudantes que o governo chinês mandou para os Estados Unidos no começo do processo de abertura de Deng Xioping, para tirar o atraso científico e tecnológico em que quase meio século de comunismo tinha mergulhado o país.

Foi um bom investimento.

Ha alguns anos a Cathay desenvolveu uma tecnologia em que bactérias fermentando hidrocarbonetos em escala industrial produziam um polímero altamente avançado que era usado na fabricação de lubrificantes, drogas contra diabetes e nylons especiais.

A Dupont se tornou sua maior cliente; a Cathay dominou o mercado mundial desse produto; o Goldman Sachs reuniu investidores que aplicaram US$ 120 milhões na empresa e ela estava se preparando para um IPO que deveria ter ocorrido no início deste ano.

Mas foi tudo por água abaixo.

Como é quase praxe hoje em dia na China, um de seus empregados mais graduados roubou a fórmula da Cathay e, com apoio da Academia de Ciências e do Partido Comunista Chinês, abriu uma empresa concorrente, a Hilead Biotech, que entrou no mercado com produto idêntico ao da Cathay vendido a preço menor que o custo. Para "nascer", a Hilead recebeu um empréstimo subsidiado de US$ 300 milhões do Banco de Desenvolvimento da China depois que o secretário do partido na província de Shandong, um dos homens mais fortes do Politburo, deu o seu aval pessoal à companhia.

A Cathay processou a Hilead por roubo de patente, mas a Hilead contra processou a Cathay afirmando que foi ela quem roubou aquela patente da Academia de Ciências da China para quem Liu trabalhara no início dos anos 90 logo depois de se formar nos EUA, desenvolvendo fórmulas de remédios fabricados no Ocidente com patente vencida para melhorar a condição média de saúde na China.

A usurpação de empresas privadas de sucesso pelo Estado chinês, nestes tempos em que o PCC teme cada dia mais ser desafiado em seu poder por empresários poderosos, se tornou tão comum que já existe um neologismo para designá-la - "guojin mintui", que pode ser livremente traduzido como "enquanto o Estado avança o setor privado recua".

E se eles tratam assim as patentes nacionais, imagine as estrangeiras. (A matéria é doNYTimes e pode ser lida ).

Conclusão

Quando se cansar de festejar "a crise e as contradições internas do capitalismo" e a "decadência do império americano" o mundo poderá começar a agir contra a real fonte dos seus problemas que é a entrada em cena de um jogador desonesto que trata reivindicações trabalhistas a bala e rouba o trabalho alheio sem a menor cerimônia, enquanto empurra, com seus monopólios estatais, o resto da economia mundial de volta ao passado feudal dos monopólios dos amigos do rei, de um lado, e a massa dos súditos sem direito a nada do outro.

Dentro dos próprios Estados Unidos, a mesma coisa. Quando eles se cansarem de se acusar mutuamente pelo problema de que todos são vítimas naquele ridículo jargão "Brasil anos 70" que tomou conta da imprensa local e começarem a se defender do jogador que bagunçou a economia mundial cometendo todo tipo de falta impunemente, poderão voltar à velha e boa fórmula do Estado moderador do poder econômico que eles próprios inventaram e ninguém ainda superou. Aquele Estado armado da poderosa ferramenta antitruste sob a qual ninguém, nem mesmo em função de mérito, podia ficar grande o suficiente para se tornar uma ameaça, ferramenta esta que teve de ser guardada no fundo de uma gaveta quando a China inundou o mundo dos trabalhadores com direitos de produtos roubados feitos pela sua multidão de semiescravos.

Até lá, teremos de esperar pacientemente que se esgote o falso debate pontuado pelos arroubos retóricos e pela vontade de brilhar de jornalistas e "especialistas" que não enxergam um palmo adiante do nariz, dos quais se servem alegremente os políticos desonestos que querem apenas o seu turno no poder e que o mundo se arrebente depois que eles se locupletarem nele.

[ Reprodução de post do mesmo nome, do blog Vespeiro. ]