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29 de ago. de 2012

Bem desenhado


A desmoralização da política 
por Marco Antonio Villa

A luta pela democracia marcou o século XX brasileiro. Somente em oito dos cem anos é que não ocorreu nenhum tipo de eleição, de voto popular, para escolher seus representantes. Foi durante a ditadura do Estado Novo (1937-1945). No regime militar as eleições tiveram relativa regularidade, mas sem a possibilidade de o eleitor escolher o presidente da República e, a partir de 1965, dos governadores e dos prefeitos das capitais e das cidades consideradas de segurança nacional. Nas duas décadas do regime militar (1964-1985), a luta em defesa da eleição direta para o Executivo e da liberdade partidária foram importantes instrumentos de mobilização popular.

Com o estabelecimento pleno das liberdades democráticas, após a promulgação da Constituição de 1988, as eleições passaram a ter uma regularidade de dois anos, entre as eleições municipais e as gerais. Deveria ser uma excelente possibilidade para aprofundar o interesse dos cidadãos pela política, melhorar a qualidade do debate e e abrir caminho para uma gestão mais eficaz nas três esferas do Executivo e, no caso do Legislativo, para uma contínua seleção dos representantes populares.

Para um país que sempre teve um Estado forte e uma sociedade civil muito frágil, a periodicidade das eleições poderia ter aberto o caminho para a formação de uma consciência cidadã, que romperia com este verdadeiro carma nacional marcado pelo autoritarismo, algumas vezes visto até como elemento renovador, reformista, frente à ausência de efetiva participação popular.

Desde 1988, está será a décima terceira eleição consecutiva. Portanto, a cada dois anos temos, entre a escolha dos candidatos e a eleição, cerca de seis meses de campanha. Neste período o noticiário é ocupado pelas articulações políticas, designações de candidatos, alianças partidárias, debates e o horário gratuito de propaganda política. Cartazes são espalhados pelas cidades, carros de som divulgam os candidatos (com os indefectíveis jingles) e é construída uma aparência de participação e interesse populares.

Porém, é inegável que a sucessão das eleições tem levado ao desinteresse e apatia dos cidadãos. A escolha bienal de representantes populares tem se transformado em uma obrigação pesada, desagradável e incômoda. Tudo porque o eleitor está com enfado de um processo postiço, de falsa participação. A legislação partidária permite a criação de dezenas de partidos sem que tenham um efetivo enraizamento na sociedade; são agrupamentos para ganhar dinheiro, vendendo apoio a cada eleição. A ausência de um debate ideológico transformou os partidos e os candidatos em uma coisa só. O excesso de postulantes aos cargos não permite uma efetiva comparação. Há uma banalização do discurso. E o sistema de voto proporcional acaba permitindo o aparecimento dos "candidatos cacarecos", que empobrecem ainda mais as eleições.

A resposta do eleitor é a completa apatia, com certo grau de morbidez. Vota porque tem de votar. Escolhe o prefeito, como agora, pela simpatia pessoal ou por algo mais prosaico; para vereador, vota em qualquer um, afinal, pensa, todos são iguais e a Câmara Municipal não serve para nada. O mesmo raciocínio é extensivo à esfera estadual e nacional. No fundo, para boa parte dos eleitores, as eleições incomodam, mudam a rotina da televisão, poluem visualmente a cidade com os cartazes e ainda tem de ir votar em um domingo.

Para o político tradicional, este é o melhor dos mundos. Descobriu que a política pode ser uma profissão. E muito rendosa. Repete slogans mecanicamente, pouco sabe dos problemas da sua cidade, estado ou do Brasil, a não ser as frases feitas que são repetidas a cada dois anos. O marqueteiro posa de gênio, de especialista de como ganhar (e lucrar) sem fazer muita força. Hoje é o maior defensor das eleições bienais. Afinal, tem muitos funcionários, tem de pagar os fornecedores, etc, etc. Para ele, a democracia acabou virando um tremendo negócio. E é um devoto entusiástico dos gregos, pois se não fosse eles e sua invenção....

Não é acidental, com a desmoralização da política, que estejamos cercados por medíocres, corruptos e farsantes. O espaço da política virou território perigoso. Perigoso para aqueles que desejam utilizá-lo para discutir os problemas e soluções que infernizam a vida do cidadão.

O político de êxito virou um ator (meio canastrão, é verdade). Representa o papel orquestrado pelo marqueteiro (sempre pautado pelas pesquisas qualitativas). Não pensa, não reflete. Repete mecanicamente o que é ditado pelos seus assessores. Está preocupado com a aparência, com o corte de cabelo, com as roupas e o gestual. Nada nele é verdadeiro. Tudo é produto de uma construção. Ele não é mais ele. Ele é outro. É a persona construída para ganhar a eleição. No limite, nem ele sabe mais quem ele é. Passa a acreditar no que diz, mesmo sabendo que tudo aquilo não passa de um discurso vazio, falso. Fica tão encantado com o personagem que esquece quem ele é (ou era, melhor dizendo).

Difícil crer que toda a heroica luta pelo estabelecimento da democracia, do regime das plenas liberdades, fosse redundar neste beco sem saída. Um bom desafio para os pesquisadores seria o de buscar as explicações que levaram a este cenário desolador, em que os derrotados da velha ordem ditatorial se transformaram em vencedores na nova ordem democrática. Enfim, a política perdeu sentido. Virou até reduto de dançarinos.

Tem para todos os gostos, até para os que adornam a cabeça com guardanapo.

CONVERSA FIADA


por FERREIRA GULLAR

Sabe a razão pela qual a empresa estatal dificilmente alcança alto rendimento? Porque o dono dela ─ que é o povo está ausente, não manda nela, não decide nada. Claro que não pode dar certo.

Já a empresa privada, não. Quem manda nela é o dono, quem decide o que deve ser feito ─ quais salários pagar, que preço dar pela matéria-prima, por quanto vender o que produz , tudo é decidido pelo dono.

E mais que isso: é a grana dele que está investida ali. Se a empresa der lucro, ele ganha, fica mais rico e a amplia; se der prejuízo, ele perde, pode até ir à falência.

Por tudo isso e por muitas outras razões mais, a empresa privada tem muito maior chance de dar certo do que uma empresa dirigida por alguém que nada (ou quase nada) ganhará se ela der lucro, e nada (ou quase nada) perderá se ela der prejuízo.

Sem dúvida, pode haver, e já houve, casos em que o dirigente de uma empresa estatal se revelou competente e dedicado, logrando com isso dirigi-la com êxito. Mas é exceção. Na maioria dos casos, indicam-se para dirigir essas empresas pessoas que atendem antes a interesses políticos que empresariais.

Isso sem falar nos casos ─ atualmente muito frequentes  de gerentes que estão ali para atender a demandas partidárias.

Tais coisas dificilmente ocorrem nas empresas privadas, onde cada um que ali está sabe que sua permanência depende fundamentalmente da qualidade de seu desempenho. Ao contrário da empresa estatal que, por razões óbvias, tende a se tornar cabide de empregos, a empresa privada busca o menor gasto em tudo, seja em pessoal, seja em equipamentos ou publicidade.

E não é por que na empresa privada reine a ética e a probidade. Nada disso, é só porque o capitalista quer sempre despender menos e lucrar mais. Não é por ética, é por ganância.

A empresa pública, por não ser de ninguém ‼ já que o dono está ausente  é “nossa”, isto é, de quem a dirige, e muitas vezes ali se forma uma casta que passa a sugá-la em tudo o que pode.

A Petrobras pagava a funcionários seus, se não me engano, 17 salários por ano e o Banco do Brasil, 15. Os funcionários da Petrobras gozavam também de um fundo de pensão (afora a aposentadoria do INSS), instituído da seguinte maneira: cada funcionário contribuía com uma parte e a empresa, com quatro partes.

Conheci um desses funcionários que, depois que se aposentou, passou a ganhar mais do que quando estava na ativa. Numa empresa privada, isso jamais acontece, não é? No governo Fernando Henrique aquelas mamatas acabaram, mas outras continuam.

Não obstante, o PT sempre foi contra a privatização de empresas estatais, “et pour cause”. Lembram-se da privatização da telefonia? Os petistas foram para a rua denunciar o crime que o governo praticava contra o patrimônio público.

Naquela época, telefone era um bem tão precioso que se declarava no Imposto de Renda. Hoje, graças àquele “crime”, todo mundo tem telefone, e a preço de banana.

Mas o preconceito ideológico se mantém. Os governos petistas nada fizeram para resolver os graves problemas estruturais que comprometem a competitividade do produto brasileiro e impedem o crescimento econômico, já que teriam de recorrer à privatização de rodovias e ferrovias.

Dilma fez o que pôde para adiá-la, lançando mão de medidas paliativas que estimulassem o consumo, mas chegou a um ponto em que não dava mais.

O PIB vem caindo a cada mês, o que a levou à hilária afirmação de que, mais importante, era o amparo a crianças e jovens… Disse isso mas, ao mesmo tempo, mandou que seu pessoal preparasse às pressas ─ já que as eleições estão chegando  um plano para a recuperação da infraestrutura: investimentos que somarão R$ 133 bilhões em 25 anos. Ótimo.

Como privatização é “crime”, pôs o nome de “concessão” e impôs uma série de exigências que limitam o lucro dos que investirem nos projetos e, devido a isso, podem comprometê-los.

Nessa mesma linha de atitude, afirmou que não está, como outros, alienando o patrimônio público. Conversa fiada. A Vale do Rio Doce, depois de privatizada, tornou-se a maior empresa de minério do mundo e das que mais contribuem para o PIB nacional. Uma coisa, porém, é verdade: cabe ao Estado trazer a empresa privada em rédea curta.

Olhaí STF: que não seja por falta de testemunho

(clique na imagem para ampliar)

18 de ago. de 2012

14 de ago. de 2012

Ficará tudo dominado?

Texto de Reinaldo Azevedo (o título é meu)


Nunca antes na história destepaiz, como diria aquele, o Supremo foi submetido a tal enxovalho. É inútil tapar o sol com a peneira ou buscar uma leitura benigna para as coisas que estão em curso. Dia desses, um querido amigo, contaminado, quem sabe?, pela leitura de Cândido, de Voltaire — e tomando ao pé da letra o que lá ia, não como ironia —, sugeriu que o fato de o Supremo estar constantemente na berlinda era um bom sinal. Evidência, disse ele, de que temos uma democracia viva, de que os senhores ministros não se fecham mais numa torre de marfim. Trata-se, sem dúvida, de uma leitura benigna e otimista do que, entendo, é manifesta expressão de decadência. Caberá aos ministros ciosos do seu papel institucional pensar também no destino do tribunal — e, pois, no futuro de todos nós.
Não! Os fanáticos de Dirceu podem ensarilhar seus adjetivos de guerra. Não estou aqui a sugerir que os ministros ignorem os autos e votem de acordo com a opinião pública. Aliás, segundo o presidente do PT, este bom povo brasileiro está mesmo é interessado no destino das personagens de “Avenida Brasil”. Pode ser. De tanto ver triunfar na vida real os pilantras, há a possibilidade de que busque viver a satisfação, ao menos na fantasia, de ver os espertalhões passando por algum aperto.
Do que vi da novela até agora, senhor Rui Falcão, aquilo a que se chama “povo” — essa categoria que vocês por aí têm a ambição de manter sob controle — pode não ter lá o gosto muito apurado, pode ser ruidoso e pouco refinado, pode chocar pela franqueza, mas tem caráter e vive com o suor do próprio rosto, não com o do alheio. E, claro!, há por lá os pilantras, os enganadores, os safados. É possível, sim, senhor Rui Falcão, que uma boa parte da opinião pública prefira a ficção como critério de realidade porque a realidade consegue ser mais estupefaciente do que qualquer ficção.
Quero, sim, que os ministros julguem de acordo com os autos, mas espero que não brindem o país com a vigarice teórica — ninho retórico da impunidade e do enxovalho ao estado de direito — de transformar os tais autos numa janela para a impunidade, CONTRA O DOMÍNIO DOS FATOS. Não há escapatória: os 11 do Supremo estarão dizendo até onde os homens públicos podem ir e, também, até onde aquela Casa se presta à intervenção de forças que lhes são externas.
Não, eu não quero que o Supremo julgue sob a pressão das ruas. Mas eu também não quero que o Supremo julgue sob a pressão de um partido. Não, eu não quero que o Supremo julgue para atender aos reclamos da opinião pública. Mas eu também não quero que o Supremo julgue para atender aos reclamos de opiniões privadas. Não, eu não quero que o Supremo julgue contra as provas. Mas eu também não quero que o Supremo julgue contra os fatos.
Que futuro terá um país em que um Marcos Valério saia do tribunal com atestado de boa conduta? E que futuro terá esse tribunal? Que futuro terá um país em que um Delúbio Soares saia do tribunal com atestado de boa conduta? E que futuro terá esse tribunal? Mas e Dirceu? Faltam evidências de que fosse o chefe inconteste do partido, de sua política de alianças e de sua relação com os aliados??? Como se realizava materialmente, e segundo quais critérios, essa convergência de interesses? Tenham paciência!
Estou nessa profissão há 25 anos. Saibam, senhores ministros do Supremo: nunca se fez tanta chacota do STF, se desconfiou tanto de seus critérios, se especulou tanto sobre a motivação de alguns de seus integrantes. E não porque isso seja consequência do escrutínio democrático. O ponto é outro. Dá-se como certo que, para alguns, os princípios da lei e do decoro se subordinam às imposições de uma tarefa de natureza partidária. Antes, debatia-se a doutrina; agora se debate quem obedece ao comando de quem.
O Supremo estará decidindo, em suma, se vai fazer réu o povo brasileiro e condená-lo a uma pena eterna: viver num país esculhambado, em que aquele que deveria dar o exemplo só resta impune porque se aprimorou nas artes do crime.

12 de ago. de 2012

Reagindo à orquestração


Eloquente chamado do Coroneleaks:

O Brasil rural merece amor, cuidado e respeito.

O produtor rural brasileiro cuida da sua propriedade da porteira para dentro, com extrema competência. Se o resto do Brasil fosse como essa grande fazenda, que ocupa apenas 27,7% do território, seríamos o país mais poderoso do mundo. No entanto, não é isso que ocorre. O Brasil Rural enfrenta todo o tipo de problema e dificuldade para trabalhar e produzir. O Brasil Rural é perseguido. É rotulado. Existe contra ele uma campanha sistemática de difamação comandada, por exemplo, por Marina Silva, que corre o mundo denegrindo a imagem do país e o seu principal setor econômico. E ela não está sozinha.A imprensa ataca os "ruralistas" sempre que pode, transformando-os em desmatadores e destruidores do meio ambiente. É aquele Brasil kamikase que, em vez de valorizar as suas forças, trabalha para exterminá-las.

O IBAMA, corrupto e assecla dos ditos movimentos sociais e das ongs internacionais, leva a mais completa insegurança jurídica para a zona de produção, perseguindo de forma implacável os pequenos produtores,com exigências absurdas e multas milionárias, com o objetivo de trasformar áreas produtivas em terras arrasadas, em termos econômicos. 

A FUNAI, Fundação do Ìndio, em conluio criminoso com o Conselho Indigenista Missionário, o famigerado CIMI, que prefere índios morrendo de diarréia do que vivendo como cidadãos, incita as invasões e a violência no campo, em busca de mais terra, apesar de 600 mil índios ocuparem espantosos 12,5% do território brasileiro. 

O Ministério do Trabalho e os seus fiscais venais caçam e montam situações de trabalho escravo, que ocorrem em número muito maior na zona urbana, apoiados pela esquerda delirante, tendo como grande objetivo o confisco das propriedades para uma reforma agrária assassina que amontoa seres humanos debaixo da bandeira de lona preta da guerrilha rural do MST. 

Uma ala xiita do Ministério Público confronta, 24 horas por dia, decisões do STF em relação à propriedade privada e às leis, servindo de suporte institucional para os inimigos do país, que querem destruir a nossa agropecuária. Impõe termos de ajustamento de conduta impossíveis de cumprir, espalhando terror e medo no campo brasileiro.

Mesmo assim, com todos estes inimigos na entrada da fazenda, a nossa agricultura gera praticamente todo o superavit da balança comercial do país, já que o setor de serviços e a indústria são deficitários. Hoje o Brasil Rural garante, anualmente, U$ 70 bilhões de lucro para o Tesouro Nacional, sem sacrificios para a população. A importação de alimentos, que há 20 anos chegava a 50% do consumo, virou uma exportação de 30% de excedente produzido. E se a comida engolia 40% da renda do trabalhador,   hoje é paga usando apenas 18% do salário do brasileiro. Os números são extraordinários e emocionantes para quem ama o país. 

Mas não pensem que os problemas param por aí. Produzindo cada vez mais dentro da fazenda, o Brasl Rural escancara a falência da infra-estrutura do país real. Não há rodovias. Não há ferrovias. Não há hidrovias. Não há armazéns. Não há portos.  Querem um exemplo? Os Estados Unidos, maior produtor do mundo de alimentos, teve uma grande perda de produção de milho neste ano. O preço vai subir no mercado internacional. O Brasil, por sua vez, teve uma super safra no Centro-Oeste, mas não tem onde armazenar os grãos. Segundo a Folha de São Paulo, em Lucas do Rio Verde (MT), toneladas de milho armazenadas a céu aberto aguardam uma janela logística para seguir aos principais portos e centros de consumo. A falta de silos para guardar grãos, que põe em risco a colheita -por deixar o cereal sujeito a influências externas, como o clima-, não é um fato inédito. Ficou, porém, mais evidente neste ano. Pudera, a região produz 60% do grão, mas tem escoamento para apenas 20%. Os demais cruzam o país em caminhões com uma média de 20 anos de uso, em estradas esburacadas, o que encarece e tira competitividade da nossa produção diante de outros países.

Mesmo assim o Brasil acaba de ultrapassar o Estados Unidos na produção de soja.  Somos o maior produtor de soja do mundo! Como diz o editorial do Estadão de hoje, com exportações de US$ 44,8 bilhões e saldo comercial de US$ 36,8 bilhões no primeiro semestre deste ano, o agronegócio continua sendo um importantíssimo fator de segurança para o setor externo da economia brasileira. Os bons resultados foram obtidos em 2012 mesmo com a queda de preços de vários produtos básicos. Poucos preços, incluídos os da soja, ficaram imunes à crise global. A China se manteve como a principal compradora de produtos agropecuários, apesar de sua desaceleração econômica. Espera-se uma reativação da economia chinesa, embora o ritmo de crescimento deva manter-se abaixo de 9%. Essa reativação ajudará a sustentar os preços dos alimentos. 

Por fim, vejam o que ocorre com o Código Florestal. O que os produtores rurais querem é manter o que já têm. Não estão pedindo um metro a mais de terra. Aí os ecologistas patrocinados por ongs internacionais querem transformar as várzeas, áreas mais produtivas em qualquer lugar do mundo, usadas em todos os países para produzir alimentos, em  áreas de preservação permanente. Querem inviabilizar a piscicultura e a irrigação, proibindo a construção de tanques às margens de rios. Querem tirar a terra de quem a utiliza desde que Cabral chegou aqui. Não importa que 62% do país esteja coberto por vegetação nativa, o que não existe em nenhum país do mundo. Não importa que os índios já ocupem 12,5% do território. Não importa que 11% do país esteja ocupado por assentamentos de reforma agrária que não funcionam, que são verdadeiros gulags. Parece que o objetivo é destruir o Brasil rico, o Brasil que funciona, sendo que para isso inventa-se até mesmo a categoria de rio temporário, para que inventem-se margens virtuais onde os produtores serão obrigados a plantar árvores, em vez se soja, trigo, milho.

Nesta semana, o governo federal vai lançar um plano nacional de logística. O Brasil Rural, especialmente no Centro-Oeste e o Norte, precisa de apenas R$ 6 bilhões em investimentos em transporte, um décimo do que custará o trem-bala. para baratear em 15% o preço da produção. Meia dúzia de obras estruturantes tornarão o Brasil ainda mais competitivo lá fora, além de reduzir o preço dos alimentos no mercado interno. É hora de defender o Brasil dos maus brasileiros. Da Miriam Leitão que, por ser casada com um ambientalista, virou uma feroz inimiga do setor que sustenta a nossa economia.  Da Marina Silva, que defende florestas aqui e fazendas lá, sempre escondendo que o Brasil é o maior exemplo de produção com preservação do mundo. Da verdadeira quadrilha composta pelas ongs internacionais financiadas pelo agronegócio dos seus países. Dos políticos demagogos, escumalha do sindicalismo industrial ou das ligas canpesinas, que querem impedir que a agricultura familiar se transforme em agronegócio familiar, pois querem que o pequeno agricultor continue algemado às políticas públicas e a outros artifícios de dominação. Do mundo acadêmico que vê a produtividade e modernidade da agropecuária destruindo as suas teses com fatos, dados e números. Da mídia, concentrada nas zonas urbanas, que tapa o nariz e os olhos para a destruição do meio-ambiente nas cidades, mas que aponta o dedo acusador para a área rural, mesmo que a cada ano o desmatamento seja reduzido e produção seja aumentada, no mesmo pedaço de Brasil.

Da porta da fazenda para dentro, onde o nosso homem do campo tem domínio, tudo funciona e viceja um Brasil rico. Da porta para fora, este herói precisa vencer todos os obstáculos para transformar produção em riqueza. O campo merece respeito, amor e cuidado. Chega de mentiras. Precisamos levar a verdade para os brasileiros. A verdade verde da floresta junto com a verdade amarela do trigo, da soja, do milho. Uma  não pode matar a outra, sob pena de matarmos o Brasil.

O panorama de Marte, pela Curiosity

(dizem que os marcianos enviarão para cá a Perplexity...)

10 de ago. de 2012

"Meu amigo petista"


Escrito pela Dra. Elizabeth Rondelli, Doutora em Ciências Sociais, professora aposentada das Universidades Federais do Rio de Janeiro e Juiz de Fora:

“Meu Amigo Petista”

Tenho um amigo petista (pessoa incrível e honestíssima), que escreveu sobre o relatório da OIT - Organização Internacional do Trabalho, mostrando que a pobreza no Brasil caiu 36% em 6 anos, e dizendo que deve ter gente mordendo os cotovelos de tanta raiva. Não resisti e respondo publicamente.

"Rir com dente é fácil".

Quero ver agora que o preço das commodities caiu, que o modelo de exploração de petróleo criado pela presidanta prova-se inviável, que a Petrobras não consegue mais segurar a inflação artificialmente baixa, que o pibinho petista não vai sequer chegar a 2%, que o Brasil começa a ser encarado como um país onde é difícil fazer negócio por tanta intervenção e achaques às empresas, que o prazo razoável de fazer as importantes reformas (previdenciária, tributária, fiscal, política…) já venceu, que não houve um mísero progresso nas variáveis que impactam o aumento da produtividade e da competitividade (infraestrutura, educação, ciência e tecnologia), que todos os esforços foram direcionados à anabolização dos números no curto prazo em detrimento da poupança e do investimento no longo, que os sete (eu disse SETE) pacotes lançados nos últimos meses para tentar ressuscitar o paciente moribundo mostraram-se tão patéticos quanto as pessoas que os maquinaram, que as famílias estão endividadas até o talo de tanto estímulo ao consumo, que a arrecadação já dá demonstração de queda (mesmo com o aumento das alíquotas, o que representa perda real em base tributável — ou atividade econômica)…

Eu poderia continuar por mais uma semana elencando a sequência de burradas dos governos petistas. E olha que eu nem entrei no mérito moral — aí, é “capivara” mesmo, ficha policial!

Com economia aquecida e uma carga tributária boçal (em ambos sentido: quantidade e qualidade), é fácil ter muito dinheiro para gastar. Distribuir aos pobres parece coisa de gente de bom coração. Renda na mão de pobre vira consumo e consumo conta para o PIB. E, na mão de petista, vira voto na certa.

Mas agora que o dinheiro vai começar a rarear, quero ver onde vai estar o coração dessa gente. Ou vão cravar mais fundo os dentes no setor produtivo da sociedade ou vão ter que escolher o que deixa de receber recursos. Tenho certeza de que o caixa 2 das campanhas eleitorais deles está garantido — até porque este parece ser (por mais surreal que possa parecer) o ÁLIBI dos 36 réus do mensalão.

O fato é que, 10 anos depois, o pobre brasileiro pode ter ficado momentaneamente menos pobre na carteira, mas não se tornou um milímetro mais capaz de enfrentar os desafios do mundo moderno em que o país compete. Basta ver que os analfabetos funcionais das faculdades de gesso do Luladdad chegam a 38% (é inacreditável, mas é verdade).

Acabada a farra da gastança, voltaremos para a mesma estaca em que estávamos antes. Um pouco piores, na verdade, graças aos retrocessos que representam os constantes ataques às instituições da sociedade (a Justiça, a liberdade de imprensa, a independência dos poderes, o que restava de honradez no Congresso, a política externa que deixou de servir à nação para se dobrar a um projeto particular de poder…) e às bases da economia de mercado tão sólidas que os petistas herdaram de seus antecessores mais capazes (a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Bolsa Escola — este, sim, carregava uma contrapartida que produzia um efeito positivo no longo prazo em vez de boçalizar a população com esmola–, a autonomia do Banco Central, a confiabilidade dos dados oficiais, o modelo de privatização, o ordenamento jurídico que atraiu o investidor estrangeiro, a estabilidade econômica e de regras, a não-intervenção nos mercados…).

Eu não mordo os cotovelos porque as pessoas estão menos pobres. Mordo de ver que o PT transformou em mais um vôo de galinha a maior oportunidade que o Brasil jamais teve de entrar definitivamente para a elite global. Mordo de ver que gente inteligente como você não consegue perceber a destruição do nosso futuro que está sendo promovida dia após dia por gente que só quer se locupletar e perpetuar seu poder sobre a máquina estatal — cada dia maior e mais nefasta para a economia e, por extensão, à sociedade. Mordo de ver que estamos abandonando as fontes que trouxeram riqueza para este país para nos alinharmos cada dia mais aos membros do Foro de São Paulo — do qual fazem parte o mais abominável ditador do século na América do Sul e o grupo narco-guerrilheiro que ele apóia no país vizinho. Mordo de ver que gente do bem ainda se alinha com os maiores bandidos que já ocuparam o poder central deste país. Mordo de pena. Mordo de tristeza. Mordo de desesperança.